A Virgem do Meio-Dia (Paul Claudel)

A Virgem do Meio-dia

Paul Claudel

 

Meio-dia. Vejo a igreja aberta e entro.

Mas não é para rezar, ó Mãe, que eu estou aqui dentro.

 

Nada tenho a pedir, nada para dar.

Venho somente, Mãe, para te olhar...

 

Olhar-te, chorar de alegria, sabendo apenas isto:

que eu sou teu filho e tu estás aqui, Mãe de Jesus Cristo!

 

Ao menos por um momento, enquanto tudo pára (meio-dia!),

estar contigo nesse lugar em que estás, ó Maria.

 

Nada dizer, olhar-te simplesmente o rosto,

e deixar o coração cantar a seu gosto.

 

Porque tu és bela, porque tu és imaculada,

a mulher na graça reintegrada.

 

A criatura na sua hora primeira e na plenitude final,

tal como saiu das mãos de Deus no seu esplendor inicial.

 

Porque estás sempre aí, porque existes, simplesmente por isto,

eu te agradeço, Mãe de Jesus Cristo!

 

(Tradução de Dom Marcos Barbosa, OSB)