A transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo
1) O profeta do AT não sabe o mistério da encarnação, mas o insinua
O profeta Daniel procura descrever aquele que deve vir em nome de Deus; será um homem, “um como filho de homem”. Mas logo em seguida o profeta diz que, embora sendo um homem, este ultrapassará todas as medidas humanas, será de dignidade divina: “São lhe dados poder, glória e realeza, e todos os povos, nações e línguas o servirão: seu poder é um poder eterno”. Quem é este? Jesus o revelará, aplicando a si mesmo o título de “filho de homem”. O mais importante: ele virá entre as nuvens (modo de Deus aparecer).
2) O evento que quase não pode ser descrito
A divindade, sempre presente nele, começa a transparecer.
- Para o próprio Jesus é um momento sublime; admite só três testemunhas, os apóstolos mais íntimos: Pedro, Tiago, João. Sua Cruz está próxima.
- Transfigurou-se diante deles: sua face brilha como o sol, suas roupas brancas como neve (“Brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar”).
- A nuvem que no AT acompanha as aparições divinas.
- A voz de Deus: “Este é o meu filho amado. Escutai o que ele diz!”.
- Os outros evangelistas dizem que os apóstolos são eram capazes de olhar aquela luz.
- A ordem de Jesus de não falar antes da ressurreição. Discutem sobre o que significaria “ressurreição”. A transfiguração não se entende senão à luz da ressurreição.
3) A inesquecível lembrança
Anos, muitos anos depois, Pedro traz ainda consigo aquela imagem tão bela e tão inexplicável. Agora já passou o horror da morte de cruz que tinha causado tanto desespero nos apóstolos. Já tinham visto o ressuscitado. Agora, todo o humano em Jesus é assumido dentro da glória divina. São Pedro começa a entender que aquela transfiguração era o próprio Jesus, mas também para eles uma antecipação da gloriosa vitória. E para os apóstolos, a transfiguração era a preparação para não desesperarem diante da morte de Jesus.
Assim, Pedro resume em sua segunda carta:
- O próprio Deus Pai “deu honra e glória a Jesus, quando do seio da esplêndida glória se fez ouvir a voz de Deus: Este é o meu Filho bem-amado”.
- Esta vós, nós a ouvimos, vinda do céu, quando estávamos com Ele no monte santo.
- Nós não precisamos falar fábulas ou coisas inventadas, porque “temos sido testemunhos (mártires) oculares da sua majestade (divina)”.
- Agora, à luz da ressurreição, tanta coisa antes misteriosa demais começa a ser clara. Também estas palavras que Pedro testemunha são “como lâmpadas que brilham em lugar escuro” e esta luz da transfiguração promete algo maior: “o clarear do dia, e o levantar-se da estrela da manhã em vossos corações”, como anúncio da ressurreição e transfiguração com Jesus de todos os que nele crêem e dele dão testemunho.
Portanto, a transfiguração tão gloriosa e significativa:
- o próprio Jesus, Deus e homem, deve ser confortado em seu coração humano, ouvindo a voz do Pai do céu, preparando-se assim para a cruz e ressurreição.
- Neste monte santo, os apóstolos devem ser preparados, vendo a glória de Jesus, para suportarem depois a terrível morte do Mestre.
- Nesta glória, na qual se antecipa a compreensão da morte e da ressurreição de Jesus, antecipa-se também a certeza da nossa ressurreição. Esclarece-se o sentido de nossa morte. Temos a fé, como se também nós tivéssemos visto a glória de Jesus. Entra em nossos corações como um primeiro “clarear do dia da eternidade” que Deus nos dará, recebemos a mensagem deste dia como “o levantar-se de uma maravilhosa estrela da manhã em nossos corações”. Jesus vive; e nós, não obstante a morte, vivemos com Ele.
(6 de agosto de 2006)