A veste religiosa

24/09/2011 16:30

A veste religiosa

 

            O hábito religioso (ou a veste simples e discreta, mesmo civil, de tantas pessoas consagradas) quer e deve ser sinal exterior visível de uma quase indescritível riqueza interior. Evidentemente, é a veste do corpo. Mas é mais, é anúncio do que na alma aconteceu, e continua acontecendo.

            Desejo falar um momento sobre a “veste da alma”. Lembra-se da Bíblia que diz que Maria Santíssima, na eternidade é vestida de Sol (Ap 12,1). Mas logo mais afirma o mesmo livro que lá “não se precisa do sol ou da lua para iluminar, pois a glória de Deus a ilumina (a nova Jerusalém), e sua lâmpada é o Cordeiro” (Ap 21,23). Logo, o Sol que veste Maria Santíssima é a glória de Deus.

            Já nesta terra, aconteceu e acontece algo disto em toda alma santificada. A alma recebe uma nova realidade; ela é vestida de luz, de santidade de Deus. O Espírito cobre a alma com seu divino esplendor, permeando todo o nosso ser. E a alma assinalada, impregnada pelo Espírito perpassa todo o corpo.

            Com a veste religiosa, quer-se oferecer a Deus todo o ser, para que ELE vista primeiro a alma com a luz do Santo Espírito. Cito aqui três textos que podem ser uma ajuda para a oração, para a ação de graças e a adoração:

 

            “Aquele que nos fortalece convosco em Cristo e nos dá a unção é Deus, o qual nos marcou com um      selo e pôs em nossos corações o penhor do Espírito” (2Cor 1,21-22).

 

            “…Fostes selados pelo Espírito da promessa, o Espírito Santo, que é o penhor da nossa herança”             (Ef 1,13-14).

 

            “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, pelo qual fostes selados para o dia da redenção”             (Ef      4,30).

           

            A vestição é algo realmente significativo. O corpo, que já por sua natureza precisa de uma veste, é para a pessoa consagrada totalmente portador desta unção da alma. A alma permeia plenamente o corpo. O corpo é ungido, por assim dizer, a partir de dentro, a partir do divino templo na alma, e assim o próprio corpo torna-se “templo do Espírito Santo” (1Cor 3,16-17; e mais explícito ainda 1Cor 6,l9!).

            Assim o corpo participa do santo pudor da consciência, da alma consagrada, por isso vela (esconde) aos olhares do mundo o que é totalmente de Deus. Mas ao mesmo tempo, o corpo não pode deixar de ser portador da mensagem do amor, do encanto da alma, e por isso ele deve revelar ao mundo, em constante testemunho, que nós já não nos pertencemos a nós mesmos, mas a um outro que nos comprou por um grande preço (1Cor 6,19-20; 7,23).

            É a veste da rainha que significa a irrevogável pertença ao Rei!