Meditação sobre as leituras litúrgicas

24/09/2011 16:59

C 16 Epifania

Is 60,1-6; Ef 3,2-3a.5-6; Mt 2,1-12

 

1) “Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém (Is 60,1-6)

Jerusalém será a sede daquele rei, ao qual o SENHOR tinha prometido o reinado eterno (2Sam 7,8-16). De certa forma, Jerusalém tornou-se símbolo do futuro tempo da salvação definitiva e centro do povo eleito (cf. Bibellexikon 828). Com o clamor com que o profeta Isaias se dirige a Jerusalém, causa-se no povo eleito a esperança definitiva. “Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor” (Is 60,1). Quem pertencer a Jesus Cristo, o Messias, trará sempre consigo algo da dramática tensão e jubilosa distinção de Jerusalém. “A glória do Senhor se levanta sobre ti. Mas vê a noite que cobre a terra e a escuridão dos povos” (2). Não é nosso mérito, mas é a luz que o Redentor que vem projeta sobre nós. É maravilhoso este privilégio de podermos ser um pouco “luz e glória do Senhor” para os que procuram a aurora no meio das trevas. “Levanta os olhos e olha à tua volta: todos se reúnem para vir a ti” (4). Sim, com a vinda do Messias se cumprirá não só toda a esperança do Antigo Testamento, mas também todas as mais sagradas aspirações que o cristão abriga em seu coração. Nós, que celebramos Natal e Epifania, sabemos que a todos nós se dirige a exortação: “Ficarás radiante, com o coração vibrando...” (60,5).

 

2) O mistério revelado: todos os pagãos são chamados Ef 3,2-3a.5-6

São Paulo, por revelação da parte de Deus, ficou sabendo o que ainda estava escondido às gerações do passado. “(Agora no Natal e na Epifania) Deus acaba de revelar, pelo Espírito, aos seus santos apóstolos e profetas: os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho” (3,5-6).

Deus, em Jesus Cristo, abriu seu coração para toda a humanidade. Epifania é destinada a mim, a meus irmãos, aos mais distantes e mesmo aos desinteressados. Epifania é o segredo de minha vida e de toda a história humana. O próprio Deus apareceu para dizer-me: “Tu és meu”. O mundo nunca mais será o mesmo, após o nascimento de Jesus Cristo. O que apareceu para nós não é um “deus” dos mitos antigos, aplaudido pelas massas desorientadas. Nosso Salvador, revelando-se Deus, não hesitou em aceitar a Cruz humilhante. Seu perdão pronunciado na hora de sua morte é o último ato de Sua Epifania.

 

3) Façamos nossa celebração do Natal! (Mt 2,12-12)

Em seu terceiro volume Jesus de Nazaré (A infância de Jesus, 77-100), o Santo Padre Bento XVI descreve o recém-nascido, com ricas informações sobre a história dos Magos em visita a Jesus.

Façamos nosso o duplo gesto dos magos. Primeiramente, caíram de joelhos para adorar o “Rei” que tinha nascido sob a luz de uma estrela tão especial. Sem esta adoração, ninguém pode celebrar nem o Natal, nem a Epifania. E o segundo gesto: eles abriram seus cofres e ofereceram ao menino ouro, o presente para um rei, mirra, o preanúncio de sofrimento e de morte, e incenso, que significa a adoração a Jesus-Deus.

Também para nós ele é o Rei do céu e da terra, ao qual oferecemos o ouro de nosso amor consagrado. Ele é o nosso redentor sobre a Cruz; a ele pertence a mirra, também a mirra de nossos sofrimentos e da hora de nossa morte. Ele é nosso Deus, Filho do Pai eterno e consubstancial ao Pai. A ele pertence o incenso da nossa adoração. “Chegou para cada um de nós a luz, apareceu sobre nós a glória do Senhor” (cf. Is 60,1).

O profeta clama para a nossa vida, nossa consciência: “Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz!” (Is 60,1).